Copa do Mundo Feminina


Tomaz Fantin

Paramos para tomar água exatamente no local onde existiu o Estádio dos Eucaliptos, antiga sede do Inter.
Naquele lugar, recém-chegado a Porto Alegre, eu assisti a um treino do time feminino colorado que foi uma das bases da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2003.
Inaugurado em 1931 e demolido em 2012, o Eucaliptos foi uma das sedes da Copa de 50 e palco das vitórias da Iugoslávia e da Suíça sobre o México.
Hoje o local abriga um condomínio de sete torres e, ao lado, há uma pracinha com um memorial contanto um pouco da história dos times do Inter dos anos 40 e 50, e também do Tesourinha, ídolo no Inter e primeiro jogador negro a oficialmente atuar pelo Grêmio.
Já anoitecia e resolvemos voltar para casa.
No caminho passamos pelo Estádio Olímpico, palco de tantas glórias e da heroica Coligay. A velha casa tricolor agoniza e também está em vias de virar um condomínio de muitas torres.
No entardecer da capital gaúcha ainda era possível sentir as torcidas do passado vibrando com os gols de Tesourinha e Dirceu Alves ou com as defesas de Eurico Lara, o craque imortal.
Também dava para escutar as massas do presente e do futuro torcendo com a Copa do Mundo Feminina.
Os deuses do futebol encarnados nos primeiros jogadores negros, na primeira torcida gay e nas gurias coloradas de 2003 levantavam-se por entre a mercantilização e os condomínios pasteurizados para nos avisar que será o esquadrão feminino quem vai nos devolver a camisa da seleção, sequestrada por interesses políticos nos últimos tempos.

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Tomaz Fantin

E-mail: tomazfs@yahoo.com.br

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